“A trama pode parecer fatalista, mas a intenção é justamente contrária. O filme passa uma mensagem de fé, de que não devemos perder a esperança, por pior que sejam as circunstâncias”, explica Lima, autor de outros quatro longas de baixo orçamento, entre eles “A verdadeira história do Come-Gente” (2005), com traz a atriz Bárbara Paz no elenco.
A seleção dos atores foi feita no salão de uma igreja evangélica e causou alvoroço entre os moradores, que se inscreveram mesmo sabendo que não receberiam cachê. “Concorri com mais de 100 candidatos”, diz o contador Edgar Radeski, que protagoniza a história na pele de um pai que tenta salvar os filhos e a esposa da epidemia.
“Eu nem estava tão empolgado, mas quando vi o entusiasmo da minha mulher em atuar, acho que fui contaminado”, brinca.
A “contaminação” deu certo e Edgar e sua esposa, a consultora de beleza Ana Aloísa Radeski, foram aprovados para os principais papéis. Além deles e das crianças que vivem os filhos do casal sobrevivente, há 64 figurantes que interpretam os mortos pela gripe.
Roteiro em uma noite, filmagem em duas
O processo de composição de “Pra onde eu irei?” foi tão rápido quanto a ação do vírus da “gripe fatal” que assombra os personagens da trama.
“Escrevi o roteiro em uma noite. Filmamos em duas”, revela Lima, que teve a ajuda de câmeras e assistentes – todos amadores, como o elenco da produção. “Expliquei mais ou menos como se manipulava o equipamento e todo mundo abraçou a causa”.
A rapidez das filmagens – que aconteceu nos dias 14 e 15 deste mês – foi necessária. A prefeitura local permitiu o fechamento de algumas ruas e avenidas para a gravação das cenas em um prazo curtíssimo.
“Foi uma corrida contra o tempo. Demos sorte, pois nos dias anteriores a temperatura estava extremamente baixa e nas noites em que filmamos, o tempo estava bem agradável, jogou a favor”, recorda Lima. “Ali ninguém corria o risco de pegar uma gripe”.
Além dos atores e assistentes de produção, quem também cooperou para a realização do filme foram duas esteticistas que trabalham em salões de Erechim. “Foram elas que fizeram a maquiagem dos cadáveres que aparecem nas cenas. Ficou bem realista”, elogia o diretor.
Sacrifício pelo personagem
Em suas estreias como atores, Edgar e Ana Radeski tiveram que fazer “sacrifícios em nome da arte”. “Eles passaram por uma rígida dieta para emagrecer. Tinham que aparentar o desgaste causado pela epidemia”, explica Lima.
O casal protagonista – que emprestou seus nomes aos personagens – ficou empolgado com a “magia de atuar”. “Acho que nos saímos bem. Não digo que abandonarei meu emprego para virar ator, mas se pintasse um novo convite para o cinema, eu faria. E feliz”, diz o contador e neoator gaúcho.
Ambicioso, o diretor espera que o filme seja visto por 1 milhão de espectadores em todo o Brasil, até setembro de 2010. “Hoje temos a internet, que é uma importante aliada na divulgação. Vamos fazer uma grande première em Gramado”, adianta Lima.
“Até o final do ano, quero conseguir fazer a dublagem para o espanhol e o inglês. Esse filme, até pelo tema da gripe, tem potencial para atingir o mercado internacional. Você não acha?”, indaga o diretor, já de olho em Hollywood.
Fonte: Globo. com